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A Odontogeriatria como
uma especialidade odontológica
no Brasil: O que foi conseguido
depois de 15 anos?
Leonardo Marchini, DDS, MSD, PhD1
Fernando Luiz Brunetti Montenegro, DDS, MSD, PhD2
Ronald Ettinger BDS, MDS, DDSc, DABSCD3
1 Professor Assistente, Departamento de Odontologia Preventiva e Comunitária da Universidade de Iowa, Faculdade de Odontologia ,em Iowa City, e-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. "> O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.
2 Mestre e Doutor pela FOUSP, Coordenador de Cursos de Especialização em Odontogeriatria na ABO-SP e NAP Instituto, Co-autor de 2 livros Odontogeriatria no Brasil (2002 , 2013),e-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. "> O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.
3 Professor Emérito no Departamento de Prótese e no Instituto para Pesquisa Odontológica Dows, na Universidade de Iowa, Faculdade de Odontologia em Iowa City, EUA.
Artigo publicado originalmente em inglês na Revista Brazilian Dental Science (BDS).
http://bds.ict.unesp.br/index.php/cob/article/view/1254
Resumo
Há 15 anos,como uma resposta a seu rápido envelhecimento populacional, o Brasil foi o primeiro país a reconhecer a Odontogeriatria (ou ODG ou odontologia geriátrica) como especialidade odontológica. O objetivo deste trabalho é de avaliar os resultados desta mudança pelo exame do aumento em número de dentistas treinados avançadamente em Odontogeriatria e identificar o volume de pesquisa relacionada a ODG que foi publicada. O website do Conselho Federal de Odontologia foi procurado de modo a verificar o número de especialistas em Odontogeriatria e sua distribuição geográfica. De modo a obter uma análise quantitativa do número de programas de graduação relacionados à odontologia geriátrica criados desde que a especialidade foi reconhecida,3 sites foram pesquisados: a)o banco de dados do governo sobre teses de pós-graduados, que envolve todas as teses e dissertações realizadas como parte das exigências para cursos de pós-graduação acreditados no Brasil; b)a Biblioteca Brasileira de Odontologia(BBO) a qual envolve os trabalhos publicados em Português e c) o banco de dados do PubMed. Reconhecer a Odontogeriatria como uma especialidade odontológica no Brasil exigiu programas de treinamento avançados desenvolvidos em gerontologia e ODG. O número atual de especialistas nesta área(276) é ainda menor que o necessário da força odontológica de trabalho brasileira. O reconhecimento da especialidade parece ter resultado em um significativo aumento na pesquisa relacionada a ODG, entretanto, este crescimento coincide com um avanço geral na pesquisa no Brasil e é menos extenso que em outras especialidades que foram reconhecidas na mesma época. Mais ainda precisa ser feito para adicionar a Odontogeriatria no currículo das Faculdades de Odontologia, mesmo considerando que um número insuficiente de escolas ensina esta Disciplina atualmente.
Introdução
O Censo Brasileiro de 2000 indicou uma parte da população envelhecendo rapidamente. Naquela época, O Brasil tinha 14,5 milhões de indivíduos com 60 ou mais anos de idade ou seja , 8,6% da população. Atualmente, a população idosa do Brasil é de 24,7 milhões de idosos (12,1%) (1) . De modo a preparar a força de trabalho odontológica brasileira para o desafio proposto pelo envelhecimento da população, o Conselho Federal de Odontologia (CFO) decidiu reconhecer a Odontogeriatria como uma especialidade odontológica em 2001 e assim o Brasil se tornou o primeiro país no mundo a considerar a ODG como uma especialidade odontológica(2).
Vários outros países também reconheceram a necessidade de mais treinamentos em ODG (3-8).Entretanto estes países enfrentaram este desafio de modos diferentes. Alguns programas adicionaram a Odontogeriatria a seu currículo de graduação, enquanto outros inseriram nos cursos de educação continuada (7-10) e poucos a adicionaram em seus programas de pós-graduação(2).
No começo do ano de 2002 , o CFO (11) estabeleceu como um plano para a Odontogeriatria: a)estudar o impacto de fatores sociais e demográficos na saúde oral do idoso; b) estudar o envelhecimento no sistema mastigatório e suas consequências ; c) estudar o diagnóstico e tratamento das patologias bucais nos pacientes idosos, incluindo o efeito colateral dos medicamentos e as terapias por irradiação e d) estudar a influência de um planejamento abrangente e oferta de cuidados de saúde bucal para pacientes idosos.
Vários resultados positivos foram imaginados para reconhecer a Odontogeriatria como uma especialidade. O resultado primário positivo deveria ser um aumento no número de dentistas bem treinados e com habilidades específicas em ODG e geriatria para dar suporte a uma crescente população idosa brasileira. Outro positivo resultado deveria ser um aumento no ensino de odontologia geriátrica no currículo de graduação das escolas de odontologia e assim as futuras gerações de dentistas teriam capacidade de cuidar dos idosos fragilizados em suas comunidades.
A incorporação da Odontogeriatria nos currículo das faculdades iria também criar a necessidade de uma faculdade treinada na área. No sistema acadêmico brasileiro, se espera que todos os professores trabalhassem nos três grandes ramos da vida universitária: ensino, pesquisa e serviço (incluindo cuidado com os pacientes). Isto iria resultar em mais membros da faculdade envolvidos no ensino de ODG, o quê poderia potencialmente aumentar a pesquisa neste tema.
O benefício teórico de reconhecer a Odontogeriatria como uma especialidade pode ser facilmente verificado: quinze anos se passaram, e a população idosa no Brasil cresceu para mais de 24,7 milhões(12,01% do total populacional)(1).Outras mudanças também ocorreram no sistema de saúde brasileiro(12), como a expansão do sistema de saúde universal com a incorporação de equipes de cuidados em saúde voltadas às comunidades, entretanto estas mudanças tiveram importante repercussões que impactaram as facilidades de odontologia brasileiras(13). Este trabalho avalia a questão: que efeito teve o reconhecimento da especialidade na melhora do ensino, pesquisa e cuidados de saúde bucal na envelhecida população brasileira?
Fontes de dados
O site do Conselho Federal de Odontologia(11) foi usado como fonte de informação primária para o número e distribuição dos especialistas em Odontogeriatria por todo o país. De modo a conseguir uma análise quantitativa da literatura voltada a ODG criada desde que a especialidade foi reconhecida ,nós pesquisamos em três sites: a) o banco de dados do governo para teses de pós-graduação(http://bancodeteses.capes.gov.br ) o qual contém todas as teses e dissertações feitas como parte dos créditos para a obtenção de título em cursos de pós-graduação no Brasil; b) A Biblioteca Brasileira de Odontologia(BBO),que abrange trabalhos publicados em português e c) o banco de dados do PubMed . Todas as pesquisas foram realizadas durante o mês de Outubro de 2015 e as palavras-chave usadas foram “idosos ou envelhecimento” , “ saúde bucal ou odontologia ou dental “ em português bem como suas respectivas versões em inglês ( elderly, ageing, oral health, dentistry, dental) .Quando pesquisando no banco de dados do PubMed, a palavra “ Brazil” foi adicionada. Títulos de artigos recuperados foram lidos e resultados não-relacionados ou duplicados foram manualmente removidos. O título de artigos recuperados foram adicionados a um arquivo unitário de texto para gerar as nuvens de destaques (tag clouds em inglês) usando o Wordle (www.wordle.com). As nuvens de destaques aparentam os achados em um interessante modo visual: o quão maior um nome aparece na nuvem, mais alto é o número de citações daquela palavra nos títulos dos artigos.
Número de dentistas altamente treinados em Odontogeriatria
Durante o primeiro ano que a especialidade foi reconhecida, 89 dentistas foram aprovados na especialidade pela apresentação de prova de prévios estudos de pós-graduação ou experiência em ensinar e/ou praticar Odontogeriatria. Estes pedidos foram avaliados por um conselho de experts, criado em cada Conselho Regional de Odontologia (CRO),segundo os critérios estabelecidos pelo CFO(Conselho Federal de Odontologia).
Após este primeiro ano, os futuros candidatos deveriam completar um curso de pós-graduação para serem registrados como especialista em ODG .Estes cursos exigiam um mínimo de 855 horas com cerca de 600 horas dedicadas à prática clínica e 150 horas de atividades teóricas. Este mínimo de 750 horas de conteúdo de odontogeriatria e gerontologia não incluía um adicional de 105 horas de conteúdos obrigatórios de ética e legislação odontológica, Metodologia científica e Bioética ,bem como um trabalho escrito final(dissertação). Um exemplo de programa resumido de curso de especialização é apresentado na Tabela 1.
Apesar dos cursos de Especialização brasileiros não serem tão intensivos como o programa de residência integral ou mesmo o programa certificado de um ano integral dos EUA, eles podem ser considerados programas de treinamento avançado em ODG. No momento não existem programas de Mestrado em Odontogeriatria no Brasil, o qual geralmente exige um treinamento em horário integral de mais de dois anos. 187 dentistas se especializaram com sucesso nestes cursos, de forma que o número total de especialistas em Odontogeriatria no Brasil, em 1 de dezembro de 2015, era de 276. A Figura 1 mostra a distribuição destes especialistas por Estado por todo o Brasil(11). |
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Em 2007, Hebling e colabs. (14) relataram que 124 especialistas em Odontogeriatria estavam espalhados pelo país, com uma concentração maior nas regiões sudoeste e sul. Estes resultados são bem semelhantes aos nossos achados, apesar destas pesquisas estarem 10 anos separadas.
É importante notar que o Brasil tem um sistema de saúde universal pago com dinheiro público e cujo objetivo é fornecer benefícios de saúde igualitários a todos os brasileiros. Na saúde bucal, muitas realizações foram conseguidas pelo sistema de saúde brasileiro, mas uma distribuição não parcimoniosa da força de trabalho odontológica permanece sendo um problema importante(12). A distribuição desigual dos especialistas em ODG segue este mesmo padrão nacional.
O número total de especialistas em Odontogeriatria no Brasil é extremamente baixo em comparação com outras especialidades que foram reconhecidas na mesma época, como a ortopedia funcional dos maxilares que tem hoje 1.803 especialistas e a dor orofacial e desordens temporomandibulares possuem 1.151 especialistas(11).
Os serviços odontogeriátricos no Brasil não parecem nada melhores ao que se observa em outros países que não reconheceram a odontologia geriátrica como especialidade. O número de dentistas se graduando de programas de treinamento em ODG citados por diferentes agências nos EUA, de 1979 a 2014, foi estimado em 163(2). Na Europa, as oportunidades para programas de treinamento avançados em Odontogeriatria são limitados, apesar de um número preciso de dentistas treinados não está disponível(6). No Japão não existem Mestrado ou programas de Certificação em ODG e o único programa de treinamento disponível é um curso de PhD com 4 anos de duração(8).
É difícil comparar os números de dentistas com treinamento avançado em ODG em países diferentes, devido à heterogeneidade dos requisitos dos cursos em cada país, mas é evidente que as oportunidades de treinamentos avançados não estão facilmente disponíveis na maioria dos países. Esta falta de programas de treinamento é sugerida como a causa principal da diminuição de profissionais adequadamente treinados para dar cuidados reais às populações idosas (6-14).
No Brasil, entretanto, muitos dos cursos de especialização em Odontogeriatria não têm sido ministrados simplesmente porque não existem dentistas interessados em número suficiente para sua realização. É também um fato em outros países que o número reduzido de cursos reflete a falta de interesse dos dentistas no cuidado ao idoso fragilizado (2). No Brasil não é diferente e 55,6% dos dentistas mais velhos citam que eles não têm interesse ou este é pequeno em trabalhar com pacientes idosos (15) e 73,4% dos dentistas brasileiros entrevistados não tratam pacientes idosos na suas atividades do dia-a-dia(16).
Uma esperança inicial entre estes brasileiros que estavam interessados em ODG era que, se fosse reconhecida como uma especialidade odontológica, ela seria integrada no currículo das Escolas de Odontologia. Estes programas universitários de graduação então preparariam dentistas generalistas para fornecer cuidados mais apropriados aos adultos mais velhos residentes na comunidade que são mais independentes do que os que estão fragilizados mas ainda recebem cuidados odontológicos de um dentista generalista não especializado. Estes dois grupos de pessoas idosas abrangem mais de 90% da população idosa (17). Os pacientes procurando especialistas em ODG deveriam incluir estes dos dois grupos citados mas , teoricamente, eles deveriam estar mais focados nos idosos funcionalmente dependentes que estão em suas casas(5%) ou vivendo em casas de repouso(5%).
Um pesquisa terminada há uma década (15) mostrou que as Faculdades de Odontologia brasileiras apenas incluíram parcialmente a ODG em seus currículos. Para estes autores,cerca de um terço das escolas inseriram a ODG tanto como um curso separado ou como parte de um curso existente. Mais recentemente (16), 81,2% dos dentistas entrevistados no Estado de Minas Gerais responderam que não receberam informações odontogeriátricas de qualquer tipo.
Em um esforço contínuo de mudar o currículo das Faculdades para melhor se adaptarem às necessidades do sistema de saúde brasileiro, está ocorrendo uma mudança do modelo de prática privada para um modelo comunitário de serviços voltados à população idosa. Infelizmente, isto não ajuda a ter um melhor treinamento em ODG nas Faculdades (13).o reconhecimento da odontologia geriátrica como uma especialidade odontológica não foi suficiente para despertar o estudo de graduação em ODG, como um recente estudo(18) encontrou que o numero de Escolas ensinando Odontogeriatria como uma cadeira específica era ao redor de 13 dentre as 220 escolas brasileiras(6,0 %, portanto)
Muitos outros países estão fazendo bem melhor. Nos EUA, todas as escolas de odontologia ensinam seus estudantes algum treinamento em ODG, o qual é parte do treinamento na maioria das residências práticas e educação avançada em programas de odontologia em geral. Entretanto, apenas 22,6% das escolas americanas oferecem treinamento em cuidado odontológico para idosos e apenas 23% das escolas dentais oferecem cursos de educação continuada em Odontogeriatria (2,7).
Na Europa, países diferentes apresentaram experiências diferentes com a educação de ODG na Graduação(9,19), mas a maioria fornece algum treinamento neste tópico para seus estudantes. Trinta e seis por cento das Faculdades europeias oferece a ODG como um curso específico, mas apenas 18% têm uma clínica especifica de ODG. As normas para os currículos de Graduação foram estabelecidas em 2009(10).
O Japão possui a mais idosa sociedade e tem uma Sociedade de Odontogeriatria desde 1986 e seu primeiro departamento de ODG foi estabelecido em uma Escola em 1987.Cerca de um terço das escolas de odontologia japonesas têm um departamento de ODG e aquelas que falham ter um departamento, geralmente ensinam ODG através do Departamento de Prótese(8).Para comparação, o Brasil ainda não possui uma sociedade de ODG (ela teve uma vida curta ,bem como uma revista de ODG em Português).Apenas poucas Escolas brasileiras oferecem a ODG como uma disciplina específica e nenhuma delas tem um Departamento de Odontogeriatria específico.
Atividade de pesquisa em Odontogeriatria
Outro potencial resultado positivo em reconhecer a especialidade de ODG seria que isto poderia despertar uma atenção aumentada sobre os problemas bucais da população idosa e estimular mais membros das Escolas a realizar pesquisas em problemas bucais dos idosos.
Ao menos 30anos atrás, as agências de pesquisa americanas ( National Institute on Aging, National Institute of Dental Research agora o National Institute of Dento-Cranial Research e a Veterans Administration ) desenvolveram uma agenda de pesquisa para a saúde bucal dos idosos. Esta agenda identificou uma falta de dados epidemiológicos com relação às necessidades bucais dos idosos ou estudos dirigidos a trazer uma melhor compreensão aos problemas bucais voltados aos idosos, como, por exemplo, erosão e abrasão dentária, cáries radiculares, comunicação com as pessoas demenciadas , dentre outros. Apesar destes assuntos serem muito importantes e a preocupação ter aparecido há tantos anos atrás, muitos deles remanescem como problemas atualmente(2).
No Brasil, não existe um planejamento estratégico voltado para a pesquisa necessária para melhorar o cuidado bucal dos idosos e este assunto foi deixado com os pesquisadores que pedem fundos em termos individuais. De modo a se ter uma análise quantitativa da literatura gerada desde o reconhecimento da especialidade, nós pesquisamos três sites como foi citado anteriormente ( ver em “Fonte de dados”).
A procura no banco de dados governamental de teses finais de cursos de pós graduação resultou em 75 teses e dissertações. A distribuição destas atividades didáticas através do país é mostrada na Figura 2.Todos os títulos de dissertações recuperados foram reduzidos a uma texto simples e as palavras –chave mencionadas removidas, o texto remanescente era traduzido usando o Google Tradutor e as nuvens de destaque (tag clouds) foram geradas usando o Wordle. A nuvem dos títulos das teses e dissertações são mostradas na Figura 3.As palavras mais comuns eram associação,população,qualidade,comunidade,cuidado,vida,avaliação,epidemiológico e Brasil. Elas mostram uma grande importância com as associações de saúde bucal e outros fatores, bem como o enfoque epidemiológico.
Pesquisando a base de dados BBO encontramos 115 artigos e a nuvem gerada por estes títulos está mostrada na Figura 4.Nós também removemos as palavras” paciente” e “pacientes” do texto uma vez que elas são geralmente associadas com a palavra “ idosos”. As palavras mais citadas geralmente eram tratamento, pessoas ,população, idade, cuidado e condições. Estas palavras revelam assuntos relativos ao tratamento dentário , condições de saúde bucal e aspectos epidemiológicos da Odontogeriatria. Pesquisando o banco de dados do PubMed encontramos um total de 178 artigos, um número maior que a base BBO,o que poderia ser visto como uma consequência do interesse de agências brasileiras de ter os pesquisadores brasileiros publicando em jornais internacionais. A nuvem de destaque para os títulos do PubMed pode ser vista na Figura 5.As palavras mais geralmente citadas são associada, idoso, qualidade, fatores, pacientes, população e institucionalizado. Estas palavras trazem um novo item aos anteriormente mencionados: a saúde bucal do idoso institucionalizado. Não há valia alguma de citar que o Brasil publicou apenas 3 artigos indexados no PubMed sobre o tema antes do ano de 2001. Apesar da figura final de 178 artigos parecer significativa, quando se considera um período de 15 anos, temos a média de um artigo por mês para um país com 220 Escolas de Odontologia. Durante a mesma faixa de tempo, houve um incremento expressivo na pesquisa brasileira, quando os trabalhos brasileiros indexados no Web of Science aumentaram três vezes em 20 anos(20), destacadas pela última década de crescimento econômico. O quanto deste incremento quantitativo é considerado um avanço qualitativo para a odontologia brasileira é assunto de muitos debates. Quando comparada a outras especialidades , como a“ desordens temporomandibulares e dor orofacial” a produtividade acadêmica em Odontogeriatria é deixada muito para trás. A especialidade “ desordens temporomandibulares e dor orofacial” publicou 731 teses e dissertações e 576 artigos indexados no PubMed(21). Entretanto estes números também incluem artigos de autores brasileiros trabalhando em outros países e os resultados apresentados neste trabalho contam apenas artigos publicados por universidades brasileiras. |
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Conclusão
Quinze anos se passaram desde o reconhecimento da Odontogeriatria como uma especialidade odontológica e o estabelecimento de treinamento avançado em odontologia geriátrica e gerontologia para os dentistas brasileiros. Entretanto o número atual de 276 especialistas é ainda bem abaixo das necessidades da força de trabalho odontológica brasileira . Some-se o fato que reconhecer a especialidade parece que disparou um significativo aumento na pesquisa em odontologia geriátrica. Este aumento coincide com um aumento geral da pesquisa no Brasil, mas é menos significativo quando comparado com outras especialidades que foram reconhecidas na mesma época da ODG. Muito mais ainda necessita ser feito para incorporar a Odontogeriatria no currículo das Faculdades de Odontologia, algo que é vital para a continuidade da especialidade no Brasil.
Tabela 1. Exemplo do Programa resumido dos Cursos de Especialização em ODG no Brasil.
Assuntos |
Parte Teórica |
Atividades Clínicas |
Total horas/ Aula/Aluno |
Conteúdos de Odontogeriatria |
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Envelhecimento e a cavidade bucal |
20 |
- |
20 |
Plano de tratamento para o idoso |
20 |
- |
20 |
Terapia medicamentosa para o idoso |
10 |
- |
10 |
Atendimento em domicílio e outros locais |
10 |
- |
10 |
Enfoque interdisciplinar para o tratamento dentário do idoso |
20 |
- |
20 |
Clínica de Odontogeriatria e atividades de home care |
600 |
680 |
|
Conteúdos Gerontológicos |
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Demografia atual sobre o envelhecimento |
16 |
- |
16 |
Mudanças metabólicas relacionadas à idade |
19 |
- |
19 |
Doenças comuns entre os idosos |
10 |
- |
10 |
Mudanças nutricionais nos idosos |
10 |
- |
10 |
Emergências Médicas |
15 70 |
- |
15 70 |
Conteúdos Obrigatórios |
- |
||
Ética e Legislação Odontológica |
30 |
- |
30 |
Metodologia Científica |
60 |
- |
60 |
Bioética |
15 |
- |
15 |
|
105 ----------------------- TOTAL:855 h/a/a |
Referências Bibliográficas
ADDIN EN.REFLIST 1. Instituto Brasilieiro de Geografia e Estatistica. 2015 [disponível em: www.ibge.gov.br.]
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